domingo, 30 de septiembre de 2007

O dono de Caracas





Nem Hugo Chávez, Gustavo Cisneros, Marcel Granier ou outro magnata da comunicação venezuelana. O verdadeiro dono da cidade tem 2.800 metros de altitude e 80 quilômetros de floresta viva. É o Ávila, montanha que abraça e vigia a capital de leste a oeste com sua mata fechada e dezenas de cachoeiras.

Visível de qualquer ponto, às vezes tomado por nuvens baixas e só com o pico descoberto, uma visita ao Monte Ávila é um convite a qualquer turista. Sete quilômetros de teleférico ou cinco horas de trilha, para os mais aventureiros, separam os que pretendem conhecê-lo.

A viagem, vale dizer, está mais barata. Custava até julho 38 mil bolívares e agora não passa dos 25. E a explicação para a mudança é simples: o governo assumiu e nacionalizou o teleférico. Mais uma das ações de estatização do presidente “para devolver o poder ao pueblo”.


Galipán


Três mil pessoas habitam o monte, os Galipán. E, lá de cima, as barreiras geográficas rompidas impressionam. Carros, tv a cabo, telefonia fixa, casas modernas, uma escola e serviço de cartão crédito - para gastar em uma das tendas de produtos típicos montadas pelos nativos – estão na lista de mordomias.

Emissoras de sinal aberto? Lógico, também chegam.

Estão presentes na região, sim, quase todas.

Sintonizar um canal pró-governo é tarefa fácil. VTV, Vive, TeleSur, Antv e Tves (substituta da RCTV) marcam presença. Agora, com a não renovação da licença da Rádio Caracas Televisão, nenhuma voz contrária ao presidente chega aos moradores. A Globovisión, único canal de oposição ao governo em freqüência aberta, também não os alcança.

Globovisión? Não conheço esse canal”, pergunta Ana Pérez, dona de uma lanchonete no povoado.

Debate de opiniões opostas. É, há coisas básicas que ainda não existem (ou já existiram) nos Galipán.

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jueves, 27 de septiembre de 2007

RCTV abre suas portas






Depois de muita vigília na porta da emissora e de diversos e-mails e telefonemas, consegui, finalmente, conhecer a Rádio Caracas Televisão, a RCTV.

Mas vamos ao que interessa:

É de um estúdio bonito e com equipamentos bastante modernos que se transmite o noticiário mais conhecido da rede, o El Observador. Com três edições diárias, o jornal bate forte no governo e não economiza críticas a simpatizantes da Revolução Bolivariana protagonizada por Hugo Chávez.

Na edição vespertina de hoje, quinta-feira, o âncora Miguel Ángel Rodríguez apresentou, indignado, (ver vídeo) o novo uniforme do time de beisebol Los Leones que, pela primeira vez na história, vai vestir-se de vermelho, rojo rojito, como diria o presidente.

Para quem não sabe, o Los Leones é propriedade de Gustavo Cisneros, o maior empresário do ramo de telecomunicações na Venezuela. O magnata é acusado pelos meios privados de ter se aliado a Chávez para poupar sua emissora, a Venevisión, de sanções como que a sofreu a colega RCTV.

“São traidores da pátria, dois vendidos”, critica o apresentador Miguel Ángel ao falar sobre Chávez e Cisneros. Sobre o presidente, ele é mais enfático: “Ele trafica com a miséria, engana o povo e os trabalhadores da Venezuela. Nós, jornalistas, corremos sérios riscos nesse país”.

Miguel também comanda o La entrevista, programa matinal de opinião que, segundo os jornalistas da redação, é a “maior dor de cabeça” para o governo chavista e foi umas das causas para a não renovação da licença do canal, em maio desse ano.

Crítica e com linha editorial declaradamente contrária ao presidente. É assim a RCTV Internacional – novo nome da emissora que desde julho transmite via cabo, pois perdeu seu sinal aberto.


Mega infra-estrutura


Cinco estúdios para gravação de novelas e programas de humor, um espaço para programas especiais como o transmitido no último dia de funcionamento, camarins impecáveis e uma redação de Jornalismo de fazer inveja a muitos canais do Brasil. Ao percorrer os corredores da RCTV, é notável a grandeza e o poder de influência que tinha a emissora de maior audiência na Venezuela. Com mais de três mil funcionários, ela alcançava 98% dos lares do país.

Mas esse quadro é coisa do passado. Hoje, via cabo, só 22% do venezuelanos têm acesso à programação da Rádio Caracas. Agora, o share – percentual de televisores ligados em cada horário – não passa dos 4%, quando antes chegava, em média, aos 40%.

Sobre a não renovação da concessão, a advogada do canal, Moirah Alexandra Sánchez, apresentou a defesa da emissora. Mas isso é assunto para outro post, quando eu conversar na próxima semana com o departamento jurídico do Conatel (Comissão Nacional de Telecomunicações). Assim, o debate fica mais justo e mais interessante.

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miércoles, 26 de septiembre de 2007

¡No vea televisión....Hágala!



Julho de 2003. Portas lacradas e equipamentos confiscados. A partir do dia 10, a entrada de funcionários está proibida nas instalações da Catia Tv. O fechamento, a mando do prefeito de oposição Alfredo Peña, durou um ano e tirou do ar a primeira televisão comunitária da Venezuela, que transmitia desde 1999 no canal 41, freqüência UHF.

Ao contrário dos protestos pela não renovação da licença da RCTV, nenhum meio privado entrou em campanha e ofereceu apoio a essa emissora. O motivo, alega a diretora Íris Castillo, é claro: “Catia Tv é do povo, feita pela comunidade. Nossas armas são as câmeras e os microfones. É com eles que nos defendemos”.

Quando explica que a produção é feita pela própria paróquia, ela não exagera. Das 14 horas diárias, 70% são destinadas a programas das Equipes Comunitárias de Produção Audiovisual Independente (ECPAI), grupos de quatro a sete pessoas que recebem formação por 10 dias para se tornarem “comunicadores sociais”, como denominam os professores das oficinas. No momento, 40 turmas participam do curso.
A meta é levar material de qualidade para as 18 paróquias da área de sua área de cobertura.

Considerada a madre das emissoras comunitárias do país, a Catia Tv – nome inspirado no Índio Cátia, que vivia e lutava na região – também sofreu repressão no golpe de 11 de abril, quando policiais metropolitanos cercaram a emissora. A saída foi negociar o resgate de alguns equipamentos.

‘Jornalistas’ iam até Miraflores, filmavam as manifestações pró-Chávez e voltavam às favelas para reproduzir os vídeos nas pequenas câmeras e convocar mais gente para os protestos. Fitas foram rebobinadas centenas de vezes.

Tudo para romper o silêncio absoluto dos meios privados, que transmitiam filmes e desenhos animados. Enquando Tom & Jerry e Superman dominavam as telas de RCTV, Globovisón e Televen, o presidente do país permanecia seqüestrado.





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Apartheid

lunes, 24 de septiembre de 2007

Vamos subir?



São 55 edifícios como este. Imponentes por sua arquitetura, esses blocos de 150 apartamentos cada podem ser vistos de várias partes da cidade. Basta olhar pra cima e lá estão eles, dividindo espaço com milhares de pequenas casas, todas sem pintura, mal construídas e sem infra-estrutura. Estamos ao lado de 500 mil habitantes, na paróquia ’23 de enero’, uma das maiores favelas de Caracas.

“Están ciertos de que ván al 23 de enero? Chamos, muito cuidado. Allá es muy peligroso”, alertaram alguns venezuelanos.

Mas não deu pra resistir. Sexa-feira, 21 de setembro, visita marcada.

A história da paróquia está nas ruas, nos muros, no rosto dos moradores e nas marcas de tiros nas paredes de muitas construções. Tratada pelos governos anteriores como uma região ‘problemática’, a favela coleciona homenagens a mortos como o nicaraguense Alex, fuzilado pela Polícia Metropolitana em 11 de abril de 2002, dia do golpe de estado que tirou Chávez do poder. Todo o 23 de enero desceu ao Palácio Miraflores para protestar. (Esse é um dos grandes orgulhos da comunidade: ter feito coro nas ruas pelo retorno do presidente).

Mas os duros conflitos com a polícia são coisas do passado. Faz tempo que ela não tem voz no 23. O último vestígio dessa repressão, uma delegacia localizada no início do morro, foi tomado pelos moradores. As grades cederam espaço aos estúdios da rádio comunitária ‘Al son del 23’ e o antigo estacionamento de viaturas virou uma oficina de informática.

Alerta

A hospitalidade agrada e espanta o medo. Apesar do olhar desconfiado da maioria, a subida é tranqüila. Todo mundo quer falar e explicar “como la vida ha cambiado con el hermano Chávez en el poder”.

Enquanto o neto assiste à Ávila Tv - uma das emissoras comunitárias do governo – Gladyz Zapata e a cunhada Angélica Cedeño não escondem na entrevista a saudade das novelas da RCTV. “Mas se o presidente decidiu assim, ele deve ter razão”, lamentam. Elas também garantiram que não perdem nenhum ‘Alô, presidente’, programa dominical de Chávez.

Ali do lado, enquanto conversamos, traficantes negociam cocaína, cheios de bolívares nas mãos. A cena pode ser apreciada até eles decidirem nos expulsar do local. É melhor descer e voltar pra casa.

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viernes, 21 de septiembre de 2007

Retrato do caos






Motoristas sem cinto de segurança disputam as ruas com pedestres apressados, vendedores ambulantes ocupam cada centímetro de calçada, lugar que também é procurado por motoqueiros (sem capacete, lógico!) que querem cortar caminho. Aquela faixa branca pintada ali no chão não serve pra nada, muito menos o semáforo logo a frente. Quem não utiliza o metrô lotado, pode usar um dos ônibus velhos que circulam (se tiver sorte, dá pra arrumar um sem portas). Se o trânsito estiver lento ou engarrafado, é só buzinar, buzinar e buzinar.

Não, a cena descrita acima não foi retirada de um livro ou de um filme. Bem-vindo à Caracas, capital da República Bolivariana da Venezuela.

A situação caótica do trânsito nesse país é comentário constante em qualquer roda de conversa, principalmente entre estrangeiros. A maioria não se acostuma com tanto barulho e tanta sujeira espalhada pelas ruas.

Ao passar por um posto de gasolina, fica fácil entender porque a cidade está abarrotada de carros e motos. Com 5 mil bolívares, o equivalente a 5 reais, dá pra encher o tanque. Pra quem está desempregado, vai uma boa dica: é só comprar um adesivo escrito ‘Táxi’ e exercer essa profissão. É o que muitos caraquenhos fazem para saírem do aperto financeiro. Mais táxis, mais carros, mais desordem e, lógico, mais buzina.

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miércoles, 19 de septiembre de 2007

Volta às aulas com polêmica



“Cerrarán colégios que no acaten sistema educativo del gobierno” e “Educación Bolivariana debe orientar todo el sistema educativo” foram manchetes de dois importantes jornais venezuelanos ontem. Ambas tratam do mesmo assunto, o retorno às aulas em todo o país. O tema, inclusive, mereceu outra Cadeia obrigatória por parte do governo. Quem ligou a tv ou sintonizou alguma rádio na segunda-feira de manhã foi obrigado a ver ou ouvir Hugo Chávez discursando por algumas horas sobre a inauguração de novas escolas.

O tema é o mesmo, mas os enfoques, bem diferentes. A primeira manchete, claramente de oposição, é da primeira página do ‘El Universal’. Veio acompanhada de uma foto com três alunos cabisbaixos, desanimados, em uma sala vazia. Já a segunda é do rojo, rojito ‘Diário Vea’, que não se esqueceu de elogiar o “comandante” pela exigência de que todas as escolas do país – as particulares também – comecem a educar seus alunos com os princípios bolivarianos. E a foto que ilustra a matéria, vale lembrar, é bem diferente. Mostra Chávez em uma bancada concedendo uma entrevista, rodeado por pais de alunos, todos de vermelho.

Pois é. E agora?

Essa é uma realidade constante aqui na Venezuela. Os jornais estão ali, baratinhos (R$ 1,00!), dividem o mesmo lugar na banca, mas reproduzem mundos distantes. Cada um compra a sua verdade.

E a polêmica da educação bolivariana repercutiu também no Brasil. A foto é da edição de ‘O Globo’ de ontem (valeu, Tatti). A crítica ao presidente pelo jornal carioca não é surpresa, já que ele está sempre em desvantagem nos grandes veículos de imprensa do Brasil.

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martes, 18 de septiembre de 2007

"Saludos a los muchachos brasileños"





Rádios comunitárias são um dos principais alicerces do governo Chávez para difundir mensagens pró-governo e combater as guarimbas da oposição - termo usado pelo Ministério de Comunicação para nomear as articulaçoes da mídia de oposição para desastibilizar o governo, é o que eles dizem e justificam por aqui.

Essas rádios são centenas. Estão espalhadas por toda a cidade, em cada favela ou comunidade mais pobre.

Um dos meus objetivos era justamente esse: conhecer um pouco dessa "artilharia" montada pelo presidente para neutralizar a força de outros veículos de imprensa não tão simpáticos a medidas como a Reforma Constitucional ou a não renovação da licença da RCTV.

E tudo isso é, sim, questão estratégica para o governo, que passou a incentivar e acelerar o processo de criação de rádios e tvs comunitárias a partir de abril de 2002, ano do golpe de estado que tirou Chávez do poder por dois dias. Circulam no Ministério propostas de criação de mais 352 rádios comunitárias e 34 tvs. É muita coisa! Trabalho para o Comite Nacional de Telecomunicaçoes (CONATEL), que analisa cada projeto e verifica se eles não foram montados "com interesses políticos ou comerciais".

O material anexo é de duas visitas que fiz a rádios comunitárias aqui da cidade, a Tiúna FM 102,9 (foto: programa "La revolución de la Salsa" com Carlos Piñero) e a Petare FM 91,5 (vídeo: programa "De cara al Río" com César Martínez) . Como o espaço é livre e sobra tempo na programação, acabamos (eu e o Joao, um amigo daqui, futuro jornalista também pela UnB) entrando ao vivo nas duas rádios, entrevistando os locutores e também perguntando. O resultado foi muito gratificante. Os telefones de contato das duas rádios não paravam de tocar. Era gente dali, da favela ao lado, enviando "saludos a los muchachos brasileños estudiantes de periodismo".

Para se comunicar, vamos mesmo de portuñol. Todo mundo se entende.

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domingo, 16 de septiembre de 2007

Assunto proibido

Tattiana, minha orientadora, foi bem clara em uma de suas dicas: "Rosalvo, uma das primeiras coisas que você tem que fazer é conhecer a Biblioteca Nacional de Caracas. Ler os jornais, sentir como a imprensa tratou todo o caso RCTV na época".

Pois bem, segui o conselho e fui à biblioteca.

A missao, que parecia simples, mostrou-se uma tarefa quase impossível. E eu explico o porquê.

Disse pro atendente da hemeroteca que eu era um estudante de Jornalismo do Brasil e buscava fazer uma pesquisa sobre a comunicaçao no país. Ele se mostrou muito prestativo até quando eu, muito inocente, pedi: "Você pode buscar no seu sistema todas as matérias e veículos que trataram sobre o tema da nao renovaçao da RCTV, entre maio e junho?"

Na mesma hora, cara fechada, olhar de desapontamento. "Pana, ese tema no es posible. No puede ingresar este nombre en la computadora. RCTV, aquí, no. No tengo permisión".

Mas ele deu uma dica. Explicou que o que eu poderia fazer era buscar por conta própria na prateleiras todos os jornais da época (os mais importantes sao cinco). Tarefa que me consumiu e vai consumir boas horas ainda naquela Biblioteca. Cansado de tanto carregar pilhas e pilhas de jornais velhos, saí de lá decepcionado.

viernes, 14 de septiembre de 2007

Reforma para todos




A correria aqui é grande. Deixo, entao, esse vídeo da Deputada Noeli Pocaterra, presidenta da Comissao Permanente de Povos Indígenas da Assembléia Nacional. Sob aplausos, ela explica para o seu povo as principais alteracoes na Reforma Constitucional que está em pauta.

Mais tarde, no mesmo evento, um professor traduziu leu todas as propostas no idioma Wayuunaiki. Todo mundo entende, todo mundo vota, todos participam.

Digam o que o for, mas essa é uma amostra de que a participacao do povo venezuelano nas decisoes políticas de seu país é bem maior que em outros vizinhos da América Latina. Ou alguém já viu isso no Brasil?


Entrevista marcada, rumo ao Ministério das Comunicacoes. Sorte pra mim!

jueves, 13 de septiembre de 2007

Não adianta mudar de canal !




Sim, o vídeo é bem caseiro, é de alguém que assistia ao noticiário da TeleSur e foi interrompido por mais uma das Cadeias de televisão e rádio autorizadas pelo Ministério do Poder Popular para a Comunicação e Informação. Elas não agradam a oposição, que faz barulho e acusa o presidente de ser autoritário.

Pra quem não sabe, as Cadeias são comuns aqui na Venezuela. Interrompe-se a programação de todos os meios de comunicação do país e Chávez assume o posto. Fala por horas a fio, sem se preocupar com o jornal, filme, música ou qualquer outra coisa que os venezuelanos estavam assintindo ou ouvindo no momento.

Ontem, por exemplo, o tema era a formatura de mais uma turma de Medicina da ELAM (Escola Latino Americana de Medicina), uma parceria entre os governos de Cuba e Venezuela. Por duas horas ininterruptas o presidente discursou, foi o mestre de cerimônia da festa, mostrou todas as instalações médicas da universidade, enquanto criticava seus opositores e fazia elogios ao amigo Fidel Castro: "Viva Fidel! Viva el Socialismo Bolivariano!"

Coisas de Hugo Chávez....

miércoles, 12 de septiembre de 2007

"Avante, compañieros!"


As sete horas de atraso de meu vôo em Guarulhos acabaram por ajudar-me. Enquanto todo mundo se descabelava no aeroporto, eu torcia pra Varig atrasar ainda mais o horário e me economizar uma diária de hotel. Bingo! Valeu, Varig.

Aeroporto de Caracas, 7 AM. Acabava de começar a minha jornada que parecia tao distante, aquela que morava apenas nos livros e nos sites que consultava na Internet.

Se o taxista fosse mais prudente, se usasse cinto de segurança e nao ultrapassasse pela direita enquanto falava ao celular, tenho certeza de que teria apreciado mais a paisagem que se exibia em minha frente. Mas já foi o bastante pra me deixar impressionado: dezenas, centenas, milhares de ranchos (favelas) tomam os morros da regiao e disputam espaço com outras dezenas de propagandas de Chávez, "El comandante de la Revolución Bolivariana" ou "El hermano que nos llevará rumbo ao socialismo del siglo XXI". É impressionante.

Nao tem pra ninguém. Ele está presente em qualquer esquina, pichado em muros, hasteado em bandeiras. Camisetas vermelhas dominam o movimentado centro de Caracas.

Logo de cara, tive uma amostra de que os dias aqui serao movimentados. Na segunda-feira, venezuelanos começaram a votar no referendo em que dizem se sao favoráveis ou contra a Reforma Constitucional de 33 artigos da Carta Magna aprovada pelo presidente em 1999.
Em clima de festa, índios das tribos Kariña e Wayuu, por exemplo, celebravam a diversidade cultural com apresentaçoes de dança e rituais típicos. Além de ouvirem, atentamente, os deputados índigenas que os representam no Congresso. Era tarefa deles explicar ao pueblo quais sao as alteraçoes mais significativas na Reforma. Eu nunca vi isso no Brasil.

"Avante, compañieros!", dizia o deputado Augusto Montiel. Logo depois, Noeli Pocaterra, presidente da Comissao Permanente dos Povos Indígenas na Assembléia Nacional, explicou cada ponto da mudança, sem esquecer-se de exaltar de minuto em minuto o hermano Hugo Chávez (video, em breve).

Ontem, 11-09, mais movimento no centro da cidade. Prefeitura lotada para celebrar os 34 anos da morte de Salvador Allende. O batalhao de jornalistas impressiona e assusta. Todas as tvs e jornais mais importantes estavam lá. El Universal, Últimas Notícias, Televen, Venevisión, Vive Tv, Telesur, VTV e, lá no fundo, um pouco esquecida, a repórter da RCTV com um microfone grande, amarelo bem forte. Em destaque para quem estava por perto, mas esquecida pelos políticos que eram entrevistados e pelos colegas de profissao.

Bom, começa aqui minha aventura por essa gigante de 6 milhoes de habitantes. No próximo post, espero já ter encontrado o acento til desse teclado venezuelano!

Abrazos!!